Contra as Mulheres, o Papa volta a condenar anticoncepcionais
Como se não bastasse condenar o aborto e promover uma verdadeira caça às bruxas contra as mulheres que abortam, o papa Ratzinger volta a condenar os preservativos e os métodos contraceptivos.
Na comemoração dos 40 anos da encíclica "Humanae vitae" de Paulo VI que definiu a posição da Igreja sobre a anticoncepção, o papa Ratzinger reafirmou sua importância e “valores que permanecem intocáveis”.A encíclica publicada em 1968, com o subtítulo “Sobre a regulação da natalidade” define que “não é lícito aos filhos da Igreja adotar, na regulação dos nascimentos, caminhos que o magistério, explicitando a lei divina, reprova”. E ainda que ”devemos, uma vez mais, declarar que é absolutamente de excluir, como via legítima para a regulação dos nascimentos, a interrupção direta do processo generativo já iniciado, e, sobretudo, o aborto querido diretamente e procurado, mesmo por razões terapêuticas.
É de excluir de igual modo, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, quer perpétua quer temporária, tanto do homem como da mulher.
É, ainda, de excluir toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação. (...)“
E propõe um único método “licito” para prevenir a gravidez: “Se, portanto, existem motivos sérios para distanciar os nascimentos, que derivem ou das condições físicas ou psicológicas dos cônjuges, ou de circunstâncias exteriores, a Igreja ensina que então é lícito ter em conta os ritmos naturais imanentes às funções geradoras, para usar do matrimônio só nos períodos infecundos e, deste modo, regular a natalidade, sem ofender os princípios morais que acabamos de recordar”.
Controle da mente e dos corpos
A encíclica foi a resposta da Igreja ao desenvolvimento da medicina e dos métodos de planejamento familiar, ampliando a cada dia as reivindicações democráticas das mulheres, com conquistas que vinham acontecendo em todo mundo, com a pílula, na discussão do aborto e também no direito ao divórcio, que no Brasil só foi conquistado, ainda que restrito, na década de 70.
Ao repetir as palavras do papa Paulo VI, de 40 anos atrás, Ratzinger confirma que a Igreja tem as portas fechadas para qualquer evolução e cumpre seu papel como primeiro papa alemão após a Idade Média.
Reafirmou na comemoração que para a Igreja os homens não podem ter liberdades e decidir sobre seus corpos. “Caso não queira se expor à mercê dos homens a missão de gerar a vida, deve-se reconhecer necessariamente limites - que não se podem evitar -, à possibilidade do domínio do homem sobre seu próprio corpo e suas funções, limite que nenhum homem - mesmo privado ou revestido de autoridade - pode infringir". E mantém como única alternativa para a contracepção a “castidade” e a “observação dos ritmos naturais da fertilidade da mulher".
A Igreja Católica é a principal agente conservadora contra as liberdades democráticas, e especialmente do que diz respeito aos direitos que garantem autonomia, o desenvolvimento pleno e a real possibilidade de emancipação da mulher.
Pelo direito à maternidade livre
A campanha que temos acompanhado contra esses direitos, que ignora inclusive a violência sexual sofrida por mulheres do mundo inteiro, e as doenças sexualmente transmissíveis, que nos países mais pobres e explorados é responsável por índices altíssimos de mortalidade só pode ser feita por uma instituição ultraconservadora, que quer manter seu poder, domínio e influência a qualquer custo. Ao custo de muitas vidas.
Para a maternidade e a paternidade serem exercidas por amor e com garantias, é necessário atender diretos básicos, que estão muito distantes da subjetividade chamada pelo papa de “amor conjugal”. Apenas com garantias de direitos, liberdades, salários dignos, educação, saúde etc. isso pode acontecer.
Lutar pelo direito aos métodos contraceptivos, quando essa for a vontade da mulher, pela distribuição gratuita nos postos de saúde, inclusive da contracepção de emergência, pelo direito ao aborto legal e seguro. E, quando a decisão for pela maternidade, por creches nos locais de trabalho, na universidade e escolas, uma verdadeira licença maternidade de seis meses.
http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=9353
20081210
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